sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Trabalho de Cultura Digital_Resposta à Silent Peace_4'33 de John Cage




Uma das mais célebres frases de John Cage, "I do not hear noise, I hear music", até o mais pequeno ruído é música. A música tem a sua própria linguagem, o seu próprio mundo!

(exercício 2)


Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto
Design da Imagem (5ºano)
2007-2008
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O Silêncio de John Cage_”I do not noise, I hear music”

John Cage é um dos mais emblemáticos protagonistas da evolução musical mundia do século XX.
Nasceu em Los Angeles a 5 de Setembro de 1912 e faleceu em 12 de Agosto de 1992.

Numa fase da sua vida em que viajou para Harvard, por volta de 1950, onde veio a realizar uma experiência que acabou por influenciar toda a sua carreira. Então o seu objectivo era abstrair-se por momentos de tudo. Numa sala isolada de som, onde os materiais não produziam ecos e não permitiam a entrada de ruídos, ao querer “ouvir” o silêncio absoluto, Cage deparou-se com dois ruídos. A sua resposta foi curiosa, um deles era o sistema nervoso (descrito como o mais forte), o outro, a circulação do sangue dentro do organismo (menos intenso).
Será neste ponto que Cage inicia a sua relação com o silêncio: “There is always something to hear or something to see. In fact, try as we might to make a silence, we cannot”.

A sua obra mais conhecida, 4’33, Silent Peace, composta em 1952, relacionada com a sua experiência acima referida. Cage pediu a David Tudor para ficar durante algum tempo sem tocar nada. Assim, a música seria os comentários das pessoas, o espanto, e todos os ruídos que se desenrolassem numa plateia desconfortável e a abandonar o local.
O nome da música 4’33 foi o tempo máximo que o público conseguiu ouvir o silêncio sem reclamar. O autor explicou mais tarde que a música não é composta apenas de silêncio, na verdade é formada pelos sons ambientes dentro do teatro. E, sempre que a peça for apresentada, será sempre diferente!

Tendo esta obra ciado imensa polémica, houveram vários artistas que se preocuparam com esta problemática, tentando responder à questão: na pintura, “Carré branc sur fond branc”, de Kazimir Malevitch, a representação de uma tela branca; os quadros brancos ou todos negros de Robert Rauschenberg, regularmente repintados para que se mantivessem a sua brancura e negrura; o famoso “Fontaine” de Marcel Duchamp, em que algo de nada pode ser sentido; ou na literatura a prosa de Samuel Beckett, que em “romances” como O Inominável, ou contos como Ping, consegue encher páginas e páginas de palavras, mas que pela repetição e pela produção da sua incoerência, perdem o sentido, assemelhando-se assim a meras cadeias de som, significando nada ou quase nada.

Uma das mais célebres frases de John Cage, “I do not hear noise, I hear music”. Para Cage, até o mais pequeno ruído é música. A música tem a sua própria linguagem, o seu próprio mundo, e se passarmos numa casa em construção onde estão cerca de dez trabalhadores a fazer os mais variados ruídos, então estamos a ouvir música. Tal como acontece no fragmento retirado do filme Dancer in The Dark, em que a cena se passa numa fábrica de metalúrgica e a personagem principal, Selma, uma das operárias da fábrica se deixa levar pelos sons dos restantes trabalhadores e máquinas em funcionamento, criando e imaginando música!
Partindo da frase de Cage, este fragmento responde a esta questão a que me propus realizar, levantando ainda duas questões:

- Quantas coisas cabem no Silêncio?
- Quantos sons cabem no Silêncio?






Verónica Meireles

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